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16/02/2010

VOU-ME EMBORA PRA PASSÁRGADA

MANUEL BANDEIRA



Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho, nasceu em Recife, PE no ano de 1886. A tuberculose o atinge no fim do ano letivo de 1904, quando abandona os estudos e diz: “sem saber que os versos, que eu fizera em menino por divertimento, principiaria então a fazê-los por necessidade e fatalidade”. Volta ao Rio em busca de clima serrano. Escreve crônicas semanais para o Diário Nacional e para várias rádios, além de traduções e biografias. No ano de 1968 ele morre deixando saudades.


VOU-ME EMBORA PRA PASSÁRGADA

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


3 comentários:

Maroca disse...

Grande Manuel Badeira!
Um verdadeiro poeta.
Maravilhas do povo brasileiro!
beijinhos

Norma Villares disse...

Muito obrigada amiga, eu tambpem gosto muito de Manuel Bandeira.
Beijinhos suaves

Viveka disse...

Esse realmente era um genial.
Beijos

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