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23/09/2009

O QUE É UM HOMEM?


Quem é que vai por aí
aflito, místico, nu?
Como é que eu tiro energia
da carne de boi que como?

O que é um homem, enfim?
O que é que eu sou?
O que é que vocês são?

Tudo o que eu digo que é meu,
vocês podem dizer que é de vocês:
de outro modo, escutar-me
seria perder tempo.

Não ando pelo mundo a lastimar
o que o mundo lastima em demasia:
que os meses sejam de vácuo
e o chão seja de lama
e podridão.

A gemer e acovardar-se,
cheio de pós para inválidos,
o conformismo pode ficar bem
para os de quarta categoria;
eu ponho o meu chapéu como bem quero,
dentro ou fora de portas.

Por que iria eu rezar?
Por que haveria eu de me curvar
e fazer rapapés?

Tendo até os extratos perquirido,
analisado até um fio de cabelo,
consultado doutores
e feito os cálculos apropriados,
eu não encontro gordura mais doce
do que a inserida em meus próprios ossos.

Em toda pessoa eu vejo a mim mesmo,
nem mais nem menos um grão de mostarda,
e o bem ou mal que falo de mim mesmo
falo dela também.

Sei que sou sólido e são,
para mim num permanente fluir
convergem os objetos do universo;
todos estão escritos para mim
e eu tenho de saber o que significa
o que está escrito.

Sei que sou imortal,
sei que esta minha órbita não pode
ser traçada
pelo compasso de um carpinteiro qualquer.
Sei que não passarei

assim que nem verruga de criança
que à noite se remove
com um alfinete flambado.

Eu sei que sou majestoso,
não vou tirar a paz do meu espírito
para mostrar quanto vale
ou para ser compreendido:
tenho visto que as leis elementares
jamais pedem desculpas.
(Eu reconheço que, afinal de contas,
não levo meu orgulho
além do nível a que elevo minha casa.)

Existo como sou,
isso é o que basta:
se ninguém mais no mundo
toma conhecimento,
eu me sento contente;
e se cada um e todos
tomam conhecimento,
eu contente me sento.

Existe um mundo
que toma conhecimento,
e este é o maior para mim:
o mundo de mim mesmo.
Se a mim mesmo eu chegar hoje,
daqui a dez mil ou dez milhões de anos,
posso alcançá-lo agora bem-disposto
ou posso bem-disposto esperar mais.

O lugar de meus pés
está lavrado e ajustado em granito:
rio-me do que dizem ser dissolução
- conheço bem a amplitude do tempo.

Walt Whitman

17 comentários:

Cristina Fernandes disse...

Palavras para meditar...
essa estranha amplitude do tempo, recolhe a chave de muitas vidas
bjs
Chris

Hugo Cheng disse...

Eu sei que sou imortal. Eu sou sou carpinteiro, parafraseando Raul Seichas. Muito bom este poema. Abr

Norma Villares disse...

Agradeço seu comentário Hugo. Graças a Deus estamos conscientes que somos imortais. Abraços luminosos

Norma Villares disse...

Olá Cris, realmente são palavras fortes para fazer uma reflexão e meditar. Abraços luminosos

Clara disse...

Concordo com Cris, palavras para meditar. Bj

angela disse...

Norma
Lindo poema escolheu, dificil e profundo.
Quantas vidas para se chegar a esta compreensão?
beijos

Zininha disse...

Simplesmente emocionante seu cantinho...
Gosto muito de poesia, imagens e sensibilidade...
e aqui encontrei tudo isso...
Parabéns pelo cantinho lindo!
Vou me tornar seguidora...
Beijos...

Norma Villares disse...

Bonito poema! Quantas vida forem necessárias. Obrigada Angela. Abraços perfumados

Norma Villares disse...

Olá, Zizinha, muito obrigada pela visita e comentário. Eu visitar sua casinha também. Abraços perfumados

Lívia Luz disse...

O que é um homem!?
Forte, e contundente.
Quem somos nós?
Quem sou EU?
Quem é você?

Somos múltlipos, e o pior não nos damos conta.
Somos imortais, e o pior não nos damos conta.

Bem... vou ficando por aí.
Beijinhos

Norma Villares disse...

Esta é uma questão para a vida inteira, ultrapassando os limites temporais e materiais. Agradeço sua participação. Abraços

ONG ALERTA disse...

Imortal ou não tem que acreditar, todos viemos para fazer uma história cada um da melhor maneira possível...paz.

Peregrina da Luz disse...

Esta poesia, vem adicionar conhecimentos aos metaprincios que vc está postando no outro blog.
Paz e Luz. Abraço

Norma Villares disse...

Com muita propriedade uma postagem, tem algumas conexões com a outra. Mas, este poema traduz um pouco as incertezas de não saber quem é verdadeiramente. Abraços

Norma Villares disse...

ONG olá, obrigada pela visita e comentário. Imortal ou não a vida precisa de um história, e é de responsabilidade pessoal. A|braços

a magia da noite disse...

mais importante que ser homem é ser alma.

Norma Villares disse...

Olá Magia da noite, obrigada pelo comentário. Na verdade o homem é alma, todavia ele acredita ser apenas o homem material, apenas o físico importa pra ele, desconsiderando outras dimensões. Abraços

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