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29/09/2009

EDUCAR PARA CRESCER - EDGAR MORIN

Os verdadeiros analfabetos são aqueles que aprenderam a ler e não lêem.
Mário Quintana


Em 1999, a UNESCO solicitou ao filósofo Edgar Morin - nascido na França, em 1921 e um dos maiores expoentes da cultura francesa no século XX - a sistematização de um conjunto de reflexões que servissem como ponto de partida para se repensar a educação do século XXI.

Os sete saberes indispensáveis enunciados por Morin, objeto do presente livro:

- as cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão;
- os princípios do conhecimento pertinente;
- ensinar a condição humana;
- ensinar a identidade terrena;
- enfrentar as incertezas;
- ensinar a compreensão;
- a ética do gênero humano.

São eixos e, ao mesmo tempo, caminhos que se abrem a todos os que pensam e fazem educação e que estão preocupados com o futuro das crianças e adolescentes.

O texto de Edgar Morin tem o mérito de introduzir uma nova e criativa reflexão no contexto das discussões que estão sendo feitas sobre a educação para o Século XXI. Aborda temas fundamentais para a educação contemporânea, por vezes ignorados ou deixados à margem dos debates sobre a política educacional. E levará à revisão das práticas pedagógicas da atualidade, tendo em vista a necessidade de situar a importância da educação na totalidade dos desafios e incertezas dos tempos atuais.

Seus capítulos - ou eixos - expõem a genialidade, clareza e simplicidade do filósofo Morin, num texto dedicado aos educadores, em particular, mas acessível a todos que se interessam pelos caminhos a trilhar em busca de um futuro mais humano, solidário e marcado pela construção do conhecimento.

O que ele diz: defende a incorporação dos problemas cotidianos ao currículo e a interligação dos saberes. Critica o ensino fragmentado.

Um alerta: sem uma reforma do pensamento, é impossível aplicar suas idéias. O ser humano é reducionista por natureza e, por isso, é preciso esforçar-se para compreender a complexidade e combater a simplificação.

Reformar o pensamento. Essa é a proposta de Edgar Morin, estudioso francês que passou a vida discutindo grandes temas. Pai da teoria da complexidade, minuciosamente explicada nos quatro livros da série O Método, ele defende a interligação de todos os conhecimentos, combate o reducionismo instalado em nossa sociedade e valoriza o complexo.

A complexidade, pode, de início, causar estranhamento. O ser humano tende a afastar tudo o que é (ou parece) complicado. Morin prega que se faça, com urgência, uma modificação nessa forma de pensar. “Só assim vamos compreender que a simplificação não exprime a unidade e a diversidade presentes no todo”, define o estudioso. Exemplo: o funcionário de uma fábrica de automóveis é capaz de fazer uma peça essencial para o funcionamento de um veículo, mas não chega sozinho ao produto final. É importante ressaltar que Morin não condena a especialização, mas sim a perda da visão geral.

Na educação, o francês mantém a essência de sua teoria. Ele vê a sala de aula como um fenômeno complexo, que abriga uma diversidade de ânimos, culturas, classes sociais e econômicas, sentimentos... Um espaço heterogêneo e, por isso, o lugar ideal para iniciar essa reforma da mentalidade que ele prega. Izabel Cristina Petraglia, pós-doutorada em Transdisciplinaridade e Complexidade na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, diz que as idéias de Morin para a sala de aula têm tudo a ver com o atual imperativo de a escola fazer sentido para o estudante.

“Aprende-se mais História e Geografia numa viagem porque é mais fácil compreender quando o conteúdo faz parte de um contexto.”


No livro Edgar Morin, Izabel afirma que no mundo todo o currículo escolar é mínimo e fragmentado. Para ela, essa estrutura não oferece a visão geral e as disciplinas não se complementam nem se integram, dificultando a perspectiva global que favorece a aprendizagem.

"O conjunto beneficia o ensino porque o aluno busca relações para entender. Só quando sai da disciplina e consegue contextualizar é que ele vê ligação com a vida.”

A escola, a exemplo da sociedade, se fragmentou em busca da especialização. Primeiro, dividiu os saberes em áreas e, dentro delas, priorizou alguns conteúdos. Para que as idéias de Morin sejam implementadas, é necessário reformular essa estrutura, uma tarefa complicada. “É difícil romper uma linha de raciocínio cultivada por várias gerações”, explica Ulisses Araujo, doutor em Psicologia Escolar e professor da Faculdade de Educação da Unicamp. Mas é perfeitamente possível. Um bom exemplo é pedir que os alunos usem um só caderno para todas as disciplinas. Isso acaba com a hierarquia que muitas vezes existe entre as matérias e mostra que nenhuma é mais importante que as outras. “Na verdade, todas estão interligadas e são dependentes entre si”.

Vou postar mais detalhadamente os postulados deste livro, porque são interessantes.

Fonte: Texto de Cristina Marangon e Eduardo Lima

http://www.educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/materias_296365.shtml?page=page3#

19 comentários:

angela disse...

Muito interessante o assunto e os capitulos dele são abrangentes e atuais.
beijos

Amélia Ribeiro disse...

Olá Norma!

Adorei!
É uma grande verdade, os verdadeiros analfabetos são os que têm as ferramentas e não as usam!
Gostei muito do teu texto.
Parabéns!

Um beijo de Portugal!

Marcos Takata disse...

Lindo! Começou com o grande Mário Quintana. Desconhecia Edgar Morin, mas gostei da educação com novos modelos. Abr

Silvia Freedom disse...

Desde que fui cursar omestrado na USP me "invoquei" com essa tal linguagem da complexidade erudita de uns poucos .....creio que os pensadores que pensam complexo, não pensam com o coração que é direto, simples e potencialmente mais poderoso que uma "epistemologia" complexa e vazia....em si....

Vamos ser amplos e abrangentes mas ...simples...porque o conhecimento não é complexo...para alguns....é simples para todos que abrem o coração!

Norma Villares disse...

Angela, inclusive é do interesse da UNESCO atualizar a educação. Obrigada pela gentileza. Abraços

Norma Villares disse...

Alma Inquieta, obrigada pela visita e comentário.

Esta fala é Mário Quintana: "Os verdadeiros analfabetos são aqueles que aprenderam a ler e não lêem."

A educação promove a evolução do ser e consequentetmente da humanidade.
Abraços

Norma Villares disse...

Obrigada amigo Marcos, iniciei com Mário Quintana, o genial. Abraços

Norma Villares disse...

Olá Sílvia,
Na verdade esta complexidade, de início, pode causar estranhamento e rejeição. O simples é mais fácil e tem sua fala direta no coração.

Eu também rejeitei esta complexidade, mas compreendi como a visão geral,inteira, indivisa. Pode parecer complicado, mas não é.

Na verdade o processo educacional e científico, deixou ser humano fragmentado demais e os retalhos nada dizem do ser humano inteiro, conta apenas notícias 'aqui e acolá'.

O TAOISMO fala que indívidou é aquele que não se dividiu.
Pergunta-se:
Como pode o ser humano pode sobreviver com tantas divisões. É muito mais complicado e cansativo a fragmentação, pois dela gera as inúmeras especializações, que são multiplicadas com uma rapidez inimaginável. Nada contra a especialização, foi ela trouxe evolução científica conceitual, mas ela é reducionista.
Esta modificação nessa forma de pensar, trás em seu bojo a construção de novo paradigma científico.

Para compreender a simplificação que não exprime a unidade e a diversidade presentes no todo, o exemplo que ele dá é muito claro:

O funcionário de uma fábrica de automóveis é capaz de fazer uma peça essencial para o funcionamento de um veículo, mas não chega sozinho ao produto final.

Podemos pensar num paciente e seus especialistas:

1. - Nefrologista, passa uma receita com 3 remédios.
2.- Cardiologista passa uma receita com 3 remédios.
3.- Otorrinolaringolista passa mais 3 remédios.

Cada um pensando na sua área específica, reduziu o paciente numa nova doença, - o coma medicantoso-, e pode matar o paciente com excesso de medicamentos ou de especializações(cada um pensando no seu pedaço).

Morin não condena a especialização, mas sim a perda da visão geral, e os males que podem ocorrer daí em diante.

Inclusive eu acho que a palavra complexidade deveria ser substituída por INTEIREZA, geraria menos rejeição, mas não sou estudiosa da educação, rsrsrsrs. Fica pra você Silvia esta idéia.Acredito que é pela educaçao que o ser humano evolui.

Sublimes abraços

Norma Villares disse...

Silvia, parece que deletei um comentário seu, me desculpe o erro. Se puder comente novamente. Coisas da internet. Abraços

Zininha disse...

Oi minha querida... tem um selinho lá no jardim da minha vida para você...


Beijos....

Maroca disse...

Gostei do texto, mas concordo com Sílvia Freedom. A complexidade realmente causa espanto a primeira vista. Depois da explicação, dá para engolir. Beijinhos

Norma Villares disse...

Zizinha obrigada pelo mimo, vou buscar. Abraços floridos e perfumados

Norma Villares disse...

Mara, eu também estranhei de início, depois procurei entender a intencionalidade positiva, da utilização da palavra complexidade. Minha preferência seria outra palavra, como disse acima, INTEIREZA, é uma palavra que tem o todo como base.
Obrigada pelo comentário
Abraços floridos

Hugo Cheng disse...

Prazer em conhecer Edgar Morin, desconhecido pra mim. Achei interessante as teorias dele, principalmente. “Aprende-se mais História e Geografia numa viagem porque é mais fácil compreender quando o conteúdo faz parte de um contexto.”
Bom texto
beijo

CARLA FABIANE... disse...

OI AMIGA...
NÃO SEI MAIS O ENDEREÇO MAIS...
TENTEI POSTAR EM ATML PARA VC MAIS O BLOG NÃO ACEITA, PENSA QUE É SPAM ...DEIXE SEU EMAIL QUE PASSO PARA VC POSTAR COMO GADGET NO SEU BLOG..
UM BEIJO GRANDE E DESCULPAS...

Jorge disse...

Norma, boa noite!!!

Obrigado pela tua visita ao meu pedaço.
Vim, pois te visitar para conhecer teu blog ...e fiquei fã. Assuntos de interesse e este porque diz da educação. Não que seja educador, mas nos preocupa a direção que toma a educação de hoje e arcáica. Necessitamos, sem dúvida, de um novo modelo, baseado na complexa simplicidade do coração pois a mente tende a tudo complicar. O homem deve ser colocado como Ser Integral e não fragmentado como é hoje. E pela tua colocação para a Silvia, fica mais evidente que a complexidade de Morin para a nova educação é apenas aparente no sentido de que nós interpretamos a forma e não a essência. E você soube explicar, em poucas palavras, esta nova educação.

Como seguidor, estarei com frequência neste teu belo blog!!!

Parabéns,

Jorge

Antonio Coni Neto disse...

E de tanto se especializar já diria o nosso Crema "o homem sabe muito de quase nada".
Um beijo grande Norma e agradeço a reflexão.

Norma Villares disse...

Com certeza Antônio, inclusive porque Roberto cRema é um terapeuta holista, e emprega a visão de inteireza com seus pacientes. Grata pela visita e comentário. Abraços

Norma Villares disse...

Olá Jorge, agradeço pela visita e comentário.
Sem dúvida, o modelo educacional de entulhar conhecimentos tem provado na prática, a necessidade de uma profunda revisão. Esta reflexão proposta por Silvia é muito rica, pois a complexidade visando a inteireza, impede o reducionismo da visão mecanicista. E uma educação que visa o crescimento do ser integral, não pode perder de vista o coração, pois trás ganhos inimagináveis ao ser humano e à humanidade com um todo.
Abraços sublimes

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