Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso sobe ao céu a procurar-me e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda
Neftalí Ricardo Reyes, dito Pablo Neruda. Poeta chileno (Parral 1904 - Santiago 1973). Cônsul do Chile na Espanha e no México, eleito senador em 1945, foi embaixador na França (1970). Suas poesias da primeira fase são inspiradas por uma angústia altamente romântica. Passou por uma fase surrealista. Tornou-se marxista e revolucionário, sendo, primeiramente, a voz angustiada da República Espanhola e, depois, das revoluções latino-americanas. Esteve no Brasil em diversas oportunidades, e, numa delas, declamou poemas seus perante grande massa popular concentrada no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Obras principais: A canção da festa (1921), Crepusculário (1923), Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924), Tentativa do homem infinito (1925), Residência na terra [vol. I, 1931; vol.II, 1935; vol.III,1939, que inclui Espanha no coração (1936-1937)], Ode a Stalingrado (1942), Terceira residência (1947), Canto geral (1950), Odes elementares (1954), Navegações e retornos (1959), Canção de gesta (1960), ensaios (Memorial da ilha negra, 1964) e a peça teatral Esplendor e morte de Joaquín Murieta (1967). Em 1974, foi publlicado o volume autobiografico Confesso que vivi. (Prêmio Nobel de Literatura, 1971).
Fonte: http://www.fabiorocha.com.br/neruda.htm:
Fonte: http://www.fabiorocha.com.br/neruda.htm:
8 comentários:
OI Norma, tudo bem? Gostaria de avisá-la que optei por expor meu blog apenas para convidados (é que tive alguns probleminhas devido à abertura irrestrita). Sendo assim, para que pessoas indesejáveis não tenham mais acesso, estou cadastrando os e-mails dos seguidores, como você é uma deles, se tiver interesse em continuar seguindo, peço que me passe o seu. Grande beijo!
Muito bonita esta poesia. Ele realmente é um escritor de mão cheia.
Beijo no core
Norma, um de meus escritores preferidos.
Realista, mas com aquele que de lirismo que encanta.
Beijo
Sem duvidas ele é dos grandes poetas, linda escolha
beijos
Norma:
Como fui educado em escolas do Uruguai em vista do asilo político de meu pai, estudei todos os poetas da língua espanhola. Neruda é um dos maiores, sem dúvida. Mas temos outros gigantes e na esteira do teu post lembro Ruben Dario,José Martí e a fantástica Gabriela Mistral , entre outros(as) ...
Bj
Amiga.
O riso de quem amamos
nos traz tanta alegria,
que ficar sem ele
é sentir a vida escorrer
por entre os dedos.
Que o amor tome sempre conta de ti
Fine Biscuit,
Segue meu email:
nvbarral@gmail.com
Não tem como entrar em seu blog.
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