Quem é que vai por aí
aflito, místico, nu?
Como é que eu tiro energia
da carne de boi que como?
O que é um homem, enfim?
O que é que eu sou?
O que é que vocês são?
Tudo o que eu digo que é meu,
vocês podem dizer que é de vocês:
de outro modo, escutar-me
seria perder tempo.
Não ando pelo mundo a lastimar
o que o mundo lastima em demasia:
que os meses sejam de vácuo
e o chão seja de lama
e podridão.
A gemer e acovardar-se,
cheio de pós para inválidos,
o conformismo pode ficar bem
para os de quarta categoria;
eu ponho o meu chapéu como bem quero,
dentro ou fora de portas.
Por que iria eu rezar?
Por que haveria eu de me curvar
e fazer rapapés?
Tendo até os extratos perquirido,
analisado até um fio de cabelo,
consultado doutores
e feito os cálculos apropriados,
eu não encontro gordura mais doce
do que a inserida em meus próprios ossos.
Em toda pessoa eu vejo a mim mesmo,
nem mais nem menos um grão de mostarda,
e o bem ou mal que falo de mim mesmo
falo dela também.
Sei que sou sólido e são,
para mim num permanente fluir
convergem os objetos do universo;
todos estão escritos para mim
e eu tenho de saber o que significa
o que está escrito.
Sei que sou imortal,
sei que esta minha órbita não pode
ser traçada
pelo compasso de um carpinteiro qualquer.
Sei que não passarei
assim que nem verruga de criança
que à noite se remove
com um alfinete flambado.
Eu sei que sou majestoso,
não vou tirar a paz do meu espírito
para mostrar quanto vale
ou para ser compreendido:
tenho visto que as leis elementares
jamais pedem desculpas.
(Eu reconheço que, afinal de contas,
não levo meu orgulho
além do nível a que elevo minha casa.)
Existo como sou,
isso é o que basta:
se ninguém mais no mundo
toma conhecimento,
eu me sento contente;
e se cada um e todos
tomam conhecimento,
eu contente me sento.
Existe um mundo
que toma conhecimento,
e este é o maior para mim:
o mundo de mim mesmo.
Se a mim mesmo eu chegar hoje,
daqui a dez mil ou dez milhões de anos,
posso alcançá-lo agora bem-disposto
ou posso bem-disposto esperar mais.
O lugar de meus pés
está lavrado e ajustado em granito:
rio-me do que dizem ser dissolução
- conheço bem a amplitude do tempo.
Walt Whitman
17 comentários:
Palavras para meditar...
essa estranha amplitude do tempo, recolhe a chave de muitas vidas
bjs
Chris
Eu sei que sou imortal. Eu sou sou carpinteiro, parafraseando Raul Seichas. Muito bom este poema. Abr
Agradeço seu comentário Hugo. Graças a Deus estamos conscientes que somos imortais. Abraços luminosos
Olá Cris, realmente são palavras fortes para fazer uma reflexão e meditar. Abraços luminosos
Concordo com Cris, palavras para meditar. Bj
Norma
Lindo poema escolheu, dificil e profundo.
Quantas vidas para se chegar a esta compreensão?
beijos
Simplesmente emocionante seu cantinho...
Gosto muito de poesia, imagens e sensibilidade...
e aqui encontrei tudo isso...
Parabéns pelo cantinho lindo!
Vou me tornar seguidora...
Beijos...
Bonito poema! Quantas vida forem necessárias. Obrigada Angela. Abraços perfumados
Olá, Zizinha, muito obrigada pela visita e comentário. Eu visitar sua casinha também. Abraços perfumados
O que é um homem!?
Forte, e contundente.
Quem somos nós?
Quem sou EU?
Quem é você?
Somos múltlipos, e o pior não nos damos conta.
Somos imortais, e o pior não nos damos conta.
Bem... vou ficando por aí.
Beijinhos
Esta é uma questão para a vida inteira, ultrapassando os limites temporais e materiais. Agradeço sua participação. Abraços
Imortal ou não tem que acreditar, todos viemos para fazer uma história cada um da melhor maneira possível...paz.
Esta poesia, vem adicionar conhecimentos aos metaprincios que vc está postando no outro blog.
Paz e Luz. Abraço
Com muita propriedade uma postagem, tem algumas conexões com a outra. Mas, este poema traduz um pouco as incertezas de não saber quem é verdadeiramente. Abraços
ONG olá, obrigada pela visita e comentário. Imortal ou não a vida precisa de um história, e é de responsabilidade pessoal. A|braços
mais importante que ser homem é ser alma.
Olá Magia da noite, obrigada pelo comentário. Na verdade o homem é alma, todavia ele acredita ser apenas o homem material, apenas o físico importa pra ele, desconsiderando outras dimensões. Abraços
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